quinta-feira, julho 26, 2012

O time da soberba, da fé e dos sonhos

Para mim existem dois São Paulos, que convivem em um mesmo distintivo, como um Yin-yang de três cores. Conheço o São Paulo que entra em campo de calção vermelho, não impõe respeito a adversário algum e corre atrás da bola em um gramado seco do Morumbi descuidado após um show pop. Também já vi muitas exibições do São Paulo que veste calção branco, derrubou gigantes europeus no Japão e faz de qualquer campo um palco para mostrar a sua consistência. Quando o Tricolor joga de calção preto, como contra o Atlético-GO, a impressão é que qualquer faceta pode surgir – até mais de uma dentro de um mesmo jogo -, como ficou tão claro nos momentos distintos do empolgante 4 a 3 de ontem.

Há quem associe a imagem da torcida são-paulina à soberba. Esquecem que por trás da construção de um "6-3-3" há um passado no qual foi preciso fazer a moeda cair em pé. O São Paulo "soberano" não pode esquecer que também é "o mais querido" e "o time da fé e dos sonhos".

As conquistas recentes dos maiores adversários absolvem os são-paulinos de alguns constrangimento e exageros durante as fases mais entusiasmadas. Em momentos de grandeza, sempre surgem “torcedores modinhas” e demonstrações de inferioridade naqueles que parecem preferir provocar os rivais a comemorar o próprio título. O tempo prova que não existe torcida diferenciada, todas estão sujeitos a certos tipos de reações lamentáveis em um determinado contexto.

E é justamente o contexto atual que nos incomoda, mas a superação faz parte da nossa essência. Somos um time que escapou da falência por atos de heroísmo de fanáticos como Porfírio da Paz, autor de um hino que traduz o que veio a se tornar a alma tricolor: uma torcida exigente, que busca sempre ser entre os grandes o primeiro. Mas também um clube que representa valores e paixão, cujo lema é ostentar o nome de São Paulo dignamente.

O surgimento do São Paulo pode ser interpretado de duas maneiras: o resultado de um acordo entre membros de dois times elitistas, descontentes com a popularização do futebol, ou a representação das duas últimas instituições que lutaram pelo amadorismo e o que havia de romântico no esporte.

Com os mesmos olhares críticos podemos avaliar diferentes momentos da trajetória tricolor. Seria a construção do Morumbi uma bonita história de superação por um objetivo gigante ou controversa obra de um espírito esnobe? Seria o culto à Libertadores pura arrogância que tenta diminuir outras competições ou uma identificação natural com um torneio de atmosfera ímpar? Seria Rogério Ceni um exemplo raro de personalidade ou um "mala"?

Não nos importamos com o que pensem sobre cada questão. Amamos esse clube, que como qualquer outro tem boas e más fases, torcedores bons e ruins, dirigentes bons e ruins, dias de garra e covardia. Às vezes escolhe um calção infeliz, mas é sempre forte e grande. Obrigado pela raça ontem, time! Não acho que reagir e quase empatar com o lanterna signifique voltar a vencer clássicos e sonhar com títulos em um futuro breve, mas demonstramos ao menos que não vamos nos acomodar. Diante desse empenho, até o mais soberbo são-paulino lembrará que somos, antes de tudo, o time da fé e dos sonhos.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial