quarta-feira, julho 25, 2007
sábado, julho 21, 2007
A força de uma fraqueza
Blefei quando falei em atualização, mas não houve má-fé. Foi como sempre: há um dia do passado perseguindo meus passos, e eu de forma alguma quero despistá-lo, apenas torço para que tropece e me permita abrir maior distância.
Se ele me alcança, aproveitará a oportunidade para me cobrar algo. Talvez não desgrude do meu caminho enquanto eu não fizer o que ele quer.
Teria então que concordar pacificamente e agradar aquele dia que veio de tão longe. Afinal, em algum momento da vida, fui eu quem o enchi de esperanças.
Do jeito que escrevo até parece que tenho um inimigo enterrado no jardim, ou abandonei uma garota grávida numa outra cidade, em um lugar onde eu tinha outro nome e muitas dívidas.
Não, não. Minhas tormentas são de baixíssimo nível ACM (deixando uma lembrança a Toninho Malvadeza, o falecido do dia. Descrito extraordinariamente numa frase atribuída ao General Figueiredo: "No dia em que existir uma maneira de medir a maldade humana, ACM será a unidade de medida. Ele é mau. Ele é mau...").
Pois é, não acumulei tantos ACMs a ponto de batê-los de frente quando não quero. São coisas mais bobas, às vezes imperceptíveis por anos e anos de tão pouco importantes, que caem em minhas mãos como uma bomba atirada do topo da árvore pelo sacana do Pica-Pau.
Do que estou falando? Já desvirtuei e dramatizei de mais, o caso não é de uma mente criminosa perturbada ou algo pior que eu tenha feito parecer.
O caso é de um coitado, vítima de suas promessas banais. Por acaso também um dos poucos de sua geração que tem um CD do grupo Assédio Social, e canta prestando atenção na letra: “prometo nunca mais prometer/ Depois eu cumpro”.
Em algum dos “O Poderoso Chefão”, provavelmente o primeiro, Don Michael Corleone comenta com sua esposa americana que “as pessoas só prometem algo quando não querem cumprir”.
Ou talvez eu tenha ouvido essa frase da Regina Volpato, no “Casos de Família” do SBT. Que seja, vale o ponto de vista. Não entendo dessa maneira, acrescentaria que as pessoas só prometem porque não querem cumprir... No momento.
Além das propostas indesejáveis, merecidamente empurradas, também prometo coisas que faria com prazer agora, e não faço apenas pela força de uma fraqueza inexplicável.
Dá raiva ouvir isso, mas é verdade: não existe “falta de tempo”; quem realmente quer, arranja tempo para tudo. Também não é desculpa o clima ou a distância, quando a enrolação é recorrente.
Paradoxalmente eu sou um sujeito determinado, raramente me conformo em passar vontade frente a que(m) realmente me interessa.
Ocorre que não me dou prazos, passo um dia a mais sem organizar as revistas do meu quarto e devendo uma consulta no dentista. Faço todos meus trabalhos de faculdade na última hora e falo como se ainda trabalhasse, mas não trabalho mais faz um tempo.
Detesto ser cobrado, no entanto admito render mais sobre pressão. Preencho minhas expectativas sedentárias vendo filmes e Pan com um pote de gelatina na mão. Tenho preguiça quando o mundo me pede pra tirar o pijama. Abuso da possibilidade de dormir na hora que quero e tenho descansado bem - esse deve ser o espírito, gostaria.
Dificulto intervenções do cotidiano mantendo o celular sem bateria e o msn offline. Fico feliz quando alguém se dá ao esforço do interfone ou da buzinada inconfundível, só que não faço muita questão.
Felizmente não sei ser só enfurnado, minha comodidade é temporária. Há menos de duas semanas eu fiz aulas de cfc (agora espero que marquem minha prova no Detran, sem pressa, porque já notei que não adianta tê-la), comemorei meu aniversário, freqüentei a vida de gente querida e sumida, conheci gente nova, joguei muita bola, até nadei, e tive um romance ao alcance das mãos.
Quase que acidentalmente, cumpri algumas promessas datadas de muito tempo: falei que ia encontrá-la e encontrei, falei que ia achar o jogo e achei, falei que ia passar uma noite na praia e passei, não falei que apareceria na festa e apareci. Falei que ia postar no blog e postei!
Mas ainda há dias me perseguindo, um novo a cada olhada pra trás. Alguns sentados na esquina que não poderei desviar, os mais velhos me pedindo favores de cabeça baixa. E eu peço licença entre eles, até porque já não me lembro onde me apresentei à maioria. Eles que me abordem, eles que procurem outra companhia.
Eu sou um enrolão, não posso ser. Quero ser jornalista e meu perfil terá que se enquadrar no oposto da minha natureza.
Corrijo, então. Eu ainda sou enrolão, preciso de paciência e compreensão, gostaria de poder atender a todos que se queixam.
Mas também não sou de todo mal. Perdôo promessas ilusórias que me envolvem e faço até piada com elas. Em recompensa, duvido que certos dias cheguem e de repente eles tocam meu ombro e me guiam até situações apoteóticas.
Ainda me faço de complicado e rabugento. Estão aí coisas que nunca serei, embora pareça gostar de procurar motivos.
Se ele me alcança, aproveitará a oportunidade para me cobrar algo. Talvez não desgrude do meu caminho enquanto eu não fizer o que ele quer.
Teria então que concordar pacificamente e agradar aquele dia que veio de tão longe. Afinal, em algum momento da vida, fui eu quem o enchi de esperanças.
Do jeito que escrevo até parece que tenho um inimigo enterrado no jardim, ou abandonei uma garota grávida numa outra cidade, em um lugar onde eu tinha outro nome e muitas dívidas.
Não, não. Minhas tormentas são de baixíssimo nível ACM (deixando uma lembrança a Toninho Malvadeza, o falecido do dia. Descrito extraordinariamente numa frase atribuída ao General Figueiredo: "No dia em que existir uma maneira de medir a maldade humana, ACM será a unidade de medida. Ele é mau. Ele é mau...").
Pois é, não acumulei tantos ACMs a ponto de batê-los de frente quando não quero. São coisas mais bobas, às vezes imperceptíveis por anos e anos de tão pouco importantes, que caem em minhas mãos como uma bomba atirada do topo da árvore pelo sacana do Pica-Pau.
Do que estou falando? Já desvirtuei e dramatizei de mais, o caso não é de uma mente criminosa perturbada ou algo pior que eu tenha feito parecer.
O caso é de um coitado, vítima de suas promessas banais. Por acaso também um dos poucos de sua geração que tem um CD do grupo Assédio Social, e canta prestando atenção na letra: “prometo nunca mais prometer/ Depois eu cumpro”.
Em algum dos “O Poderoso Chefão”, provavelmente o primeiro, Don Michael Corleone comenta com sua esposa americana que “as pessoas só prometem algo quando não querem cumprir”.
Ou talvez eu tenha ouvido essa frase da Regina Volpato, no “Casos de Família” do SBT. Que seja, vale o ponto de vista. Não entendo dessa maneira, acrescentaria que as pessoas só prometem porque não querem cumprir... No momento.
Além das propostas indesejáveis, merecidamente empurradas, também prometo coisas que faria com prazer agora, e não faço apenas pela força de uma fraqueza inexplicável.
Dá raiva ouvir isso, mas é verdade: não existe “falta de tempo”; quem realmente quer, arranja tempo para tudo. Também não é desculpa o clima ou a distância, quando a enrolação é recorrente.
Paradoxalmente eu sou um sujeito determinado, raramente me conformo em passar vontade frente a que(m) realmente me interessa.
Ocorre que não me dou prazos, passo um dia a mais sem organizar as revistas do meu quarto e devendo uma consulta no dentista. Faço todos meus trabalhos de faculdade na última hora e falo como se ainda trabalhasse, mas não trabalho mais faz um tempo.
Detesto ser cobrado, no entanto admito render mais sobre pressão. Preencho minhas expectativas sedentárias vendo filmes e Pan com um pote de gelatina na mão. Tenho preguiça quando o mundo me pede pra tirar o pijama. Abuso da possibilidade de dormir na hora que quero e tenho descansado bem - esse deve ser o espírito, gostaria.
Dificulto intervenções do cotidiano mantendo o celular sem bateria e o msn offline. Fico feliz quando alguém se dá ao esforço do interfone ou da buzinada inconfundível, só que não faço muita questão.
Felizmente não sei ser só enfurnado, minha comodidade é temporária. Há menos de duas semanas eu fiz aulas de cfc (agora espero que marquem minha prova no Detran, sem pressa, porque já notei que não adianta tê-la), comemorei meu aniversário, freqüentei a vida de gente querida e sumida, conheci gente nova, joguei muita bola, até nadei, e tive um romance ao alcance das mãos.
Quase que acidentalmente, cumpri algumas promessas datadas de muito tempo: falei que ia encontrá-la e encontrei, falei que ia achar o jogo e achei, falei que ia passar uma noite na praia e passei, não falei que apareceria na festa e apareci. Falei que ia postar no blog e postei!
Mas ainda há dias me perseguindo, um novo a cada olhada pra trás. Alguns sentados na esquina que não poderei desviar, os mais velhos me pedindo favores de cabeça baixa. E eu peço licença entre eles, até porque já não me lembro onde me apresentei à maioria. Eles que me abordem, eles que procurem outra companhia.
Eu sou um enrolão, não posso ser. Quero ser jornalista e meu perfil terá que se enquadrar no oposto da minha natureza.
Corrijo, então. Eu ainda sou enrolão, preciso de paciência e compreensão, gostaria de poder atender a todos que se queixam.
Mas também não sou de todo mal. Perdôo promessas ilusórias que me envolvem e faço até piada com elas. Em recompensa, duvido que certos dias cheguem e de repente eles tocam meu ombro e me guiam até situações apoteóticas.
Ainda me faço de complicado e rabugento. Estão aí coisas que nunca serei, embora pareça gostar de procurar motivos.